quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Mandela e eu.

Já que hoje é o dia que a África relembra a libertação de Mandela, eu deixo aqui a minha homenagem a esse grande homem, deixo também meu agradecimento a todo povo africano, deixo meu agradecimento especial a Moçambique. Hoje é o dia que o blog "Caçando Leões" termina. Ficam todas as memórias, são muitas, ficam as amizades que vou carregar comigo pra sempre, ficam todas as lições e aprendizados, ficam os frutos de um período que me fez um homem diferente, acredito que melhor. Agradeço a todos com quem tive a oportunidade de dividir dias, idéias, ideais, emoções, frustrações, momentos, banheiras, cervejas e surumas...obrigado. Terminar o blog é uma decisão difícil, mas fiz minha escolha, e o nascimento do blog estava totalmente relacionado a história com a minha experiência em terras africanas, e ela já terminou. Já estou de volta ao Brasil, já estou morando com Alê e de volta a RGA, meu antigo local de trabalho e atual desafio profissional. Apesar do pouco tempo e dos avisos dos amigos que sempre dizem aos que estão fora: "você vai ver que tudo aqui continua igual", as coisas realmente parecem iguais, mas eu as vejo de forma diferente e agradeço a África de Mandela. Obrigado e até a próxima.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Lost in Johannesburg!

Johannesburg tem muitas histórias, muitas pessoas me falaram que é um dos lugares mais violentos da África do Sul, muitas diferenças raciais é um clima que lembra grandes metrópolis. Chequei em Johannesburg para fazer uma escala de um dia, meu vôo pro Brasil só sai amanhã, então ia ter que me virar com o meu inglês básico. Cheguei no aeroporto e tinha que desenrolar um lugar pra dormir, já tinha recebido a dica de dormir em uma Guest House. São casas que parecem pousadas. Fui até o balcão de informação e consegui arrumar uma Guest e um motorista pra me buscar, tudo indo perfeito. Me acomodei, tomei um bom banho e olhei as horas, ainda era cedo, resolvi dar uma volta, pedi ao Cris, motorista da guest, pra me levar ao shopping, tinha embarcado o desodorante na mala errada e precisava urgente de um. Combinei com o Cris que ligaria pra ele me pegar. Quando deu a hora de partir a história começou...
Perguntei a um segurança se tinha telefone público no shopping, ele apontou para um no estacionamento e me informou que estava quebrado. Perguntei se não tinha outro, achei super estranho um shopping gigante não ter 2 orelhões...não tinha, ou então não entendi que tinha, rs. Perguntei onde era o ponto de taxi, tinha um folheto da guest na mão e o mapinha da localização bem direitinho, era pequeno, e com letras pequenas, mas estava lá. Esperei um pouco e logo apareceu uma mercedez com um tiozinho black no volante, fui até ele e perguntei se ele poderia me levar, mostrei o mapa e falei o nome da guest: "PETRA". Ele me olhou e mandou eu entrar. O cris fez o trajeto em 5 minutos, o tiozinho já saiu do shopping e pegou uma avenida gigante, achei que era normal, tinha que dar uma volta pra entrar no bairro da guest, mas o caminho se prolongou, avistei o centro do Johannes, vi ao fundo uma silueta com grandes prédios e uma torre gigante que já tinha visto em alguns postais...tinha a certeza que estava perdido, e comecei a ficar com medo dos fantasmas que me falaram, passa um monte de merdas pela tua cabeça.
O tiozinho me olha e aponta pro lado direito da pista e diz:
- Petra is here
- No, no, Petra is name the my guest house, look the map.
O tiozinho encostou o carro e foi olhar o mapa, eu aproveitei pra olhar em volta. Tava em um lugar bem barra pesada, com um monte de negões e o tiozinho começou a chamar uns caras que estavam do outro lado da rua, gritava alto e falava em um idioma local que não dava pra entender nada, ai o medo apertou, rs. Respirei fundo e tentei colocar o meu inglês pra funcionar, junto com a cabeça. Pedi pra ele ligar pro número da guest, ele ligou e recebeu as informações da nova rota, ai saiu e derepente parou em frente a uma casa, mas não era nem de longe a guest, tava ficando escuro e eu desesperado. Pedi que ligasse novamente, recebeu novas orientação e conseguiu me trazer.
Cheguei e fui pro quarto, mas a internet não pegava, resolvi sair e pedir ajuda, encostei a porta do quarto, uma porta bem safadinha que corre para os lados, não é que ela trancou, pedi a chave reserva e não tinha, resultado...estou trancado do lado de fora do quarto esperando alguém que vai abrir. Bom que tive mais tempo pra escrever e contar a minha aventura em Johannesburg.
Acabou de chegar dois salvadores da pátria pra resolver o problema, vou entrar e ficar quietinho até o sol nascer.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Não Moçambique!

Esse deve ser um dos últimos textos escritos em Moçambique. A decisão de voltar para o Brasil já foi tomada há alguns dias e essa etapa está perto de terminar, mais precisamente na primeira semana de fevereiro. O período que vivi aqui me ensinou muitas coisas; a mais importante foi dizer "não".
Sempre tive uma grande dificuldade em pronunciar o "não". Era sinônimo de negar algo, baixo astral... Preferia sempre o "sim", positivo, pra cima , um "sim" com toda vontade de ajudar e ser prestativo com o próximo. Mas o "sim" tem uma grande responsabilidade, uma vez que você diz, tem a obrigação de fazer e nem sempre é possível, por mais que você queira muito. E aí vêm as decepções. Aqui comecei dizendo "sim" pra tudo, a começar pelos muitos e insistentes vendedores de rua
- Compra lá essa pulseira, amigo brasileiro.
- Não, obrigado.
- Compra lá pra me ajudar.
- Não uso pulseiras e minha namorada está longe.
- Estou a pedir, estou com fome, não comi hoje, compra só pra me ajudar.
- Ta bom, eu compro pra te ajudar.
Lá estava o "sim" novamente ganhando do "não".
Mas esse discurso dos vendedores aqui é tão comum que um dia no Mercado do Peixe eu me rebelei, já tinha um monte de artesanatos sem utilidade e a conta com uma baixa não programada.
- Compra lá, amigo brasileiro, só pra ajudar.
- Não, obrigado!
- Estou a pedir, estou com fome, não comi hoje, compra só pra me ajudar.
- Não!
- Comp...
- Não, não e não!
Ele foi embora e vários outros vieram escutar e a mesma resposta. Já não doía, não me sentia mal por não atender, o "não" me fazia bem, era um "sim" pra mim e um "não" pra o que eu não queria, mas sem peso na consciência.

Aprendi que não podemos mudar o mundo e que todas as mazelas que ele carrega não são exclusivamente nossa responsabilidade. Temos sim o dever de ajudar, mas quando isso não atrapalha a nós mesmos.
Comecei a exercitar o "não". O primeiro grande "não" vai para Moçambique, e não é um "não" com um tom negativo (doido isso) é um "sim" pro meu coração, pro novo caminho que eu escolhi. E, confesso, estou em paz com o meu "não".
Obrigado Moçambique pela grande lição.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Alfredo está aqui Brazucas!

Alfredo não poderia ficar sem um post, seria muito injusto, porque é uma das coisas mais interessantes que já vivi. Comprar cerveja no Brasil é igual a comprar cerveja em qualquer lugar do mundo, mas comprar cerveja nas bancas próximas ao museu em Maputo é uma aventura, começa pelo simples fato de Maputo em diversos lugares se parecer com outros lugares do mundo, mas ao dobrar uma esquina você enxerga uma África ainda sem o desenvolvimento, a África ruts, com chão de terra vermelha, com cabanas de madeira que lembram as favelas brasileiras, tudo velho e apertado. Um ambiente que no primeiro momento você pensa: "se o pneu do carro furar aqui é melhor fechar o carro e sair fora". Mas é só uma impressão de quem vem de fora e ainda não mergulhou no mundo ruts. O lugar é uma rua curta e com várias barraquinhas que vendem bebida, é um modelo informal de depósitos de bebida, tem tudo que você imaginar, e mais barato. Lá estão os representantes de venda, Alfredos, Saides e mais uma porção que avançam sobre o carro pelo simples fato de se diminuir a velocidade. Se você parar o carro então, pode ter um grande susto, eles avançam sobre a janela numa competição feroz pelo cliente: - Saide amigo brasileiro, Saide chegou primeiro - outro grita: Alfredo amigos brazuca, Alfredo tem o melhor preço. - Ai você tem que dar um grito com um monte de homens grandes: Calma ai pessoal, vamos com calma...quanto é a caixa de heineken?
Em poucos segundo os mais antenados saem correndo para dentro das bancas e voltam com caixas de cerveja gelada. - Está aqui amigo brazuca. - O atendimento apesar de tumultuado é rápido e o preço bem mais em conta. O nosso representante de vendas preverido é o Alfredo, um negão grande e com cara de gente boa, o cara tem um olho muito bom, quando o carro da gente dobra a esquina, Alfredo se coloca no meio da rua, como se quisesse morrer atropelado, sempre segurando algumas bebidas na mão para uma venda rápida, ele abre os braças e grita em voz alta quando o caro se aproxima: "Alfredo está aqui brazucas"! como um Deus que pode resolver todas as nossas angústias por bebidas...ele é o cara. A nossa relação com Alfredo tem melhorado e já temos uma conta.
- Alfredo não temos dinheiro mas queriamos levar algumas cervejas.
- Não ha problema, não ha problema amigos brazucas (sempre gentil é tranquilo).
Lá vamos nós com as nossas cervejas com gosto de mercado negro, isso só tem aqui e não deveria acabar, é simplesmente coisa de filme.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sem água não a vida Patron!

Dono Argentina me falou isso hoje pela manhã, parecia uma poeta, fiquei bem orgulhoso. Claro que aquilo me pegou em cheio, tinha acabado de acordar e não tinha uma gota de água nas torneiras, e não tinha começado a seca pela manhã, já temos problema com água a um bom tempo, pra falar a verdade o problema vem de outro problema, a bomba, a famosa bomba barulhenta que sempre insiste em nos deixar na mão. Ainda bem que minha secretária e poeta tinha armazenado água o suficiente para um bom banho de caneca, na noite anterior eu já tinha apelado para Nido, que me arrumou um bom balde com água para um banho noturno. As vezes tenho certeza que apesar do incômodo essas coisas fazem com que a gente valorize ainda mais o que a gente sempre tem e não percebe, Dona Argentina tem toda razão, sem água não a vida Patron.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Espírito!

Calma gente, apesar de ter colocado um texto recente de uma mensagem de Chico Xavier e de ser um estudioso da doutrina, esse site não é somente sobre textos espíritas. Espiríto é o nome do rapaz que presta assistência técnica nos macs aqui na DDB. Aconteceu que meu mac apresentou problemas no sistema operacional, ai pedi uma ajuda ao Espírito, na verdade vi ele como a única possibilidade de arrumar a minha máquina, tendo em vista que em Maputo só tem um ser iluminado que poderia me ajudar, o Espírito. Liguei para o anjo da guarda dos macs:
-Espírito, é o Alexandre da DDB, tô com um problema no meu mac, queria que você passase aqui pra ver a máquina.
-Ok Alexandre, estou chegando ai.
Quando desliguei o telefone e olhei para o lado o Espírito estava ao meu lado.
-Caramba Espirito, como você chegou aqui tão rápito, só sendo mesmo um espírito, Espírito!
Ele deu uma risadinha, pegou o mac e levou.
No outro dia me ligou e me avisou que o mac já estava bem e funcionando.
Santo Espírito.
Amém!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

As melhores férias da minha vida!

Já voltei de férias a alguns dias, mas não tinha conseguido um diazinho livre pra escrever e contar como foi...foram as férias mais maravilhosas que alguém podia ter, o cenário africano e a chegada de Alê deixou tudo ainda mais incrível, foi tudo perfeito. A Quel, que é a namorada do Serginho também veio no mesmo vôo, ai a alegria foi coletiva. Eu e Serginho tinhamos preparado um monte de surpresas e um roteiro massa pra passear com as meninas, começava em Maputu, depois Safari no Kruger e uma viagem de carro pra Durban, tudo foi maning nice. Aqui estão os melhores momentos em fotos pra vocês.

Ja chegou com um dia lindo, e minha cara não nega a felicidade, rs.
ai já foi fazendo amizada com toda bicharada...
filmou os elefantes...

namorou muitão...levou carreira do elefante
escutou som legítimo africano...
comeu churrasco no meio do safari com direito a batatas na brasa...
viu os macacos mais bagunceiros...
ficou linda no meio da savana...
viu o bicho mais louco do kruger, o besouro rola bosta...
dormiu se protejendo da malária...
me trouxe toda a felicidade do mundo e tomamos banho de champagne...
viu a mulherada dançando a marabenta e os ritmos de moçambique...
deixou tudo completo em 2010...
fotografou nossa casa de praia em xai-xai...
e em maputo também...
comprou todos os artesanatos que pode...
fotografou com batiques ao fundo...
me fotografou fazendo uma das coisas que mais gosto...
depois foi pra Swazilândia e viu um pouquinho de frio...
depois cruzou novamente a fronteira, desta vez pra Africa do Sul...
curtimos o caminho e Quel e Serginho um soninho...
tomamos cobra e comemos comida indiana...
conheceu o uShaka em Durban
o cassino...
o teleférico mais tenso do mundo...
deixou saudade na praia...
viu o estádio que o Brasil vai jogar na copa...
molhou os pés no oceano Indico...
e se despidiu das férias no cuba com pina colada...te amo Alessandra, obrigado pela companhia e pelas melhores férias da minha vida, EAVA.